sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Missa...





Vocês já perceberam que temos sempre os mesmos problemas na catequese?? E eles se repetem continuamente? São os pais que não colaboram, são as crianças desinteressadas, são os padres que não estão nem aí com a catequese, são catequistas que não se comprometem, são os coordenadores sem preparo, é a falta de formação, é a falta de material… E é A MISSA! Isso para não citar outras coisas aqui…

Agora, uma coisa que não deveria ser problema é a participação na missa. A missa, ou falando mais especificamente, a liturgia, é “matéria” da catequese. Nós fazemos catequese para que os fiéis sejam educados na fé. E a fé pressupõe a participação na Liturgia, ou seja, nas missas. A missa é o “segundo” encontro da semana. Se não é, deveria ser.

Normalmente, no começo do ano, durante as inscrições, deixa-se claro aos pais que as crianças não podem ter mais que “X” faltas nos encontros. Mas a gente deixa claro para os pais que a missa faz parte da catequese? Ou tratamos a missa como uma coisa das “outras pastorais”? Muito da nossa catequese se faz na Igreja, durante as celebrações. O sacramento da eucaristia, por exemplo, acontece durante a celebração da missa. É inconcebível que os catequizandos para a Primeira Eucaristia, não participem das celebrações dominicais (ou semanais), pelo menos para a liturgia da Palavra. Em se falando dos catequizandos de crisma, nem se pode cogitar a falta deles à missa. Estamos sendo hipócritas fazendo uma catequese exclusivamente doutrinal, pois a doutrina se expressa nas ações litúrgicas.

Mas é preciso pensar que as nossas crianças e jovens que estão sendo catequizados, são exatamente isso: Crianças e jovens. Então é preciso considerar todos os fatores envolvidos nisso. É preciso atentar para a capacidade cognitiva (de aprendizado), para o desenvolvimento psicológico e físico e para o ambiente sócio cultural em que vivem. Uma criança ou adolescente não é igual a um adulto. Eles ainda não têm maturidade para entender a complexidade que envolve uma verdadeira vida de fé. Eles estão “aprendendo”. Eles têm um ritmo. Que não é o nosso, dos adultos.

E as nossas paróquias, coordenações e os nossos padres, estão preocupados com isso? Existe uma preocupação de fazer uma missa especial para as crianças? Existe a preocupação de se adaptar a linguagem litúrgica para os jovens e crianças? Existe ainda a preocupação de fazer essa missa num horário condizente com as várias atividades que envolvem a vida de uma criança? Sabemos que as missas dominicais, via de regra, são dirigidas aos adultos. Afinal o adulto, que tem seus compromissos de trabalho, dedica o domingo ao Senhor. Não vamos considerar aqui que “Senhor” é esse, porque não é o caso em discussão, mas vamos supor sim, que os adultos precisam da missa do domingo para eles. Misturar as coisas não é correto, já que nem todos os adultos possuem filhos em idade de catequese. Uma missa de crianças com adultos impacientes envolvidos é, no mínimo, algo que só vai fazer aborrecer o adulto que está lá.

Vejamos um caso citado por uma catequista. A missa das crianças lá na comunidade dela, é domingo ás sete horas da manhã. Não sei se esta é a única missa dominical da comunidade. Pode até ser e então, não se tem outra opção a não ser essa. Mas consideremos então que toda a comunidade está envolvida. Não há como o padre dedicar uma atenção especial para as crianças. Não dá para interagir com as crianças, pois os adultos vão considerar aquilo infantil demais. E as soluções, como aqueles famigerados “comprovantes de missa”, teatrinhos, pãozinho, etc. e tal, não se mostram satisfatórias. As crianças e os jovens passam a freqüentar a celebração para ter o comprovante ou para assistir ao “show”.

Agora, vamos pensar neste horário maravilhoso do domingo ás sete horas da manhã. Vamos considerar aqui o desenvolvimento físico do indivíduo. Até a adolescência o ser humano precisa de 10 a 12 horas de sono. Isso para que o hormônio do crescimento, que age durante o sono, faça o seu papel. As crianças freqüentam a escola durante a semana e muitas acordam cedo. As aulas costumam iniciar as sete e trinta, oito horas. Mas vocês perceberam que as séries iniciais sempre são no período da tarde? Isso porque os pequenos precisam dormir para crescer de modo saudável! As crianças maiores, a partir da sexta, sétima série, passam a estudar de manhã. Isso não é coincidência, é uma prática educacional baseada em estudos. Então, ao se querer, na igreja, que as crianças de 8 a 11 anos, acordem às seis horas da manhã no domingo para irem à missa, estamos indo contra tudo que é lógico, racional e saudável. Para que uma criança acorde às seis horas da manhã, feliz e animada, ela teria que ter ido dormir às OITO HORAS DA NOITE, ou seja, no horário de verão, com o dia claro ainda!

É cientificamente comprovado que a interrupção do sono, antes que seja completado o tempo que o organismo necessita, causa irritabilidade, déficit de atenção e diminuiu o vigor físico. É um total contra-senso de nossa parte exigir que as crianças estejam lá, na missa “da tosse” (como é chamada em algumas paróquias por ter só idosos), como se fosse uma atividade absolutamente prazerosa. Outra coisa, os pais também não fogem muito a essa regra. É o ambiente sócio-cultural em que vivem. Que pais, depois de todo o afã do trabalho semanal, onde as horas de sono já são poucas, se predispõem a acordar às seis da manhã no domingo para acordar filhos, mais irritados ainda que os próprios, para ir à missa? Sem contar que muitos pais chamam os filhos para a missa e eles mesmos, nem vão.

Somando-se todos esses fatores – aspecto cognitivo, desenvolvimento físico e psicológico e ambiente social – temos o seguinte: a missa da catequese, que deveria ser “catequética”, cai naquilo que é a opinião geral de nossos catequizandos: uma chatice!

Então, porque a capacidade cognitiva da criança é prejudicada pelo sono, porque seu vigor físico não se encontra em alta e porque “socialmente” não se acorda às seis horas da manhã no domingo, não se participa da Missa no domingo. Isso seria a explicação para a missa da minha amiga catequista não ser um sucesso. E para a minha, que é às 10hs da manhã e, mesmo assim, vai muito pouco catequizando?

O que acredito é que falta preparo, cuidado e carinho no trato com nossos catequizandos. No trato com nossos pais também. Não se pensa as celebrações conforme as pessoas que estão nela. E não estou dizendo aqui que se deve mudar a Liturgia da Igreja nem os ritos. É possível tornar uma missa atraente sem mudar uma vírgula do Missal. Basta que se tenha vontade. Penso que se houvesse, em primeiro lugar, uma preocupação verdadeira das lideranças da Igreja com os membros de suas comunidades, a coisa melhoraria e muito. Nesse mundo secularizado ao extremo a Igreja precisa se adaptar. E não esperar que a sociedade se adapte a ela. Queiramos ou não, temos que admitir, não vivemos mais na Cristandade onde a Igreja ditava as regras e normas para tudo.


Fonte: http://catolicos.vialumina.com.br/index.php/a-missa/
Texto escrito por Angela Rocha

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